sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Obesa

Estou obesa! Um facto que custa admitir. Uma vergonha que carrego comigo. Ouço dizer por aí de conhecidos e desconhecidos que só é gordo quem quer. Pois bem eu não quero! E sou. Talvez seja verdade que me falta a força de vontade, a motivação o click, mas a verdade é que estou a tentar e não consigo. Começo bem, e de repente à mínima contrariedade desato a comer de uma forma compulsiva e desordenada, um disparate pegado que resulta de um sentimento de culpa avassalador e que me transtorna. 
Já me aconteceu duas vezes no colégio do Rafael quando o vou buscar alguns meninos dizerem "a tua mãe é gorda" e nesse momento apetece-me chorar, desaparecer para sempre. O meu filho é uma criança ainda muito inocente, não sente isso como uma critica, ou talvez para ele seja normal ter uma mãe gorda. Nunca senti, felizmente, que isso o envergonhasse ou deixasse desconfortável. Mas a mim deixa... envergonhada, triste e revoltada... Devia ser meio caminho andado para resolver o problema, mas na verdade faz-me comer ainda mais. 
Eu faço caminhadas e como carradas de pão. Eu passo o dia todo a comer bem, e à noite se fico sozinha com eles, os nervos apoderam-se de mima e como tudo o que me aparece à frente. Não emagreço uma grama, há imenso tempo. E na maior parte dos dias perco a esperança de isso me vir a acontecer.
Neste momento posso dizer com toda a certeza que continuo a viver porque sinto o amor que os meus filhos me têm e são eles que me têm salvo, porque a minha vontade é acabar com tudo.
Já falei com o médico, com mais do que um. Já fui a nutricionistas, psicólogos, médicos de família, e nada adianta... neste momento só sinto desesperança, medo, solidão... neste momento a única luz da minha vida são os meus filhos, a razão pela qual me levanto todos os dias. Neste momento não sei... 

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