segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Enfiei-me na bolha

Ontem enfiei-me na bolha.
Estive doente, eles também. A minha mãe foi operada na quinta, e eu fiquei com a Sofia... Na sexta ficou o pai. Soube-me bem sair de casa sem eles para variar. Apanhar o comboio calmamente, sem suar.
No fim-de-semana, muito por culpa desta gripe que não me larga, destilei. Passei todo o sábado a suar, mesmo sem fazer grande coisa. Cheguei de rastos ao final do dia. Ontem recusei-me a ir com eles ao parque. De tarde, fiquei com a Sofia e ela adormeceu.
Tomei um duche e sentei-me na sala.
 Ignorei a roupa para passar, e a máquina para por a lavar, ignorei a loiça para arrumar, a sopa para fazer. Deixei-me ficar. Limitei-me a estar.
Quieta, em silêncio. A descansar a mente.
Sem pensar em como iria fazer para trabalhar esta semana, onde iria deixar a Sofia.
Como me iria aguentar 5 noites sozinha com os dois... Cada vez me custa mais.
Não quis saber de nada.
Felizmente ela não chorou...
Deixei-me ficar. Senti-me entrar na bolha, o silêncio, o não estar a suar, a sensação boa de paz. Soube-me pela vida. Podia ter sido uma caminhada à beira rio, uma ida à missa sozinha, ou sentar-me numa esplanada sozinha em paz. Eu sinto necessidade de procurar uma bolha e de me enfiar nela, para respirar, para pensar, para me acalmar e não passar a vida a gritar e a mandar vir...
Entretanto eles chegaram, eu saí da bolha, nem me apercebi se repararam que eu estava mais serena, mas estava.
E ainda fiz sopa. E passei a ferro. E arrumei a loiça na máquina.
No fundo eu só preciso de me enfiar numa bolha, só minha. Com ar para respirar!

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