sábado, 22 de outubro de 2016

Mãe Polvo

Ser mãe de dois é nunca ter tempo.

É tomar o pequeno-almoço a correr, enquanto enfio colheres de papa em duas bocas. Vestir duas crianças quase adormecidas, enquanto canto ou falo sobre coisas boas, para os animar.  É lavar caras e calçar sapatos a duplicar. É pôr creme e perfume à pressa porque a mais pequena não prescinde, mas depois sair de casa sem me ter penteado, e só me maquilhar no escritório.
É metê-los no carro e apertar um cinto e mais outro e conduzir meia dúzia de metros e voltar a desapertá-los para deixar um, é trazer a outra a reboque e apertar o cinto mais uma vez e deixá-la a ela.
É dar banhos em série, é vestir pijamas e secar cabelos, entre um tacho ao lume e uma máquina de roupa, é passar a tarde a passar a ferro com eles a brincar aos meus pés. 
É sentir culpa eterna, por tudo e por nada. É levá-lo à ginástica. É levá-la à piscina, É saber as canções, da Maria, dos Caricas, da Caracóis dourados e ursinho.
É saber onde estão os calções do Sarau e a touca da natação. E ter sempre lavado e passado o fato de treino do faísca.
É sorrir e aceder ao pedido para pôr baton. E saber que ela gosta mais do gancho rosa, e do pijama da Minnie. É saber que à quarta é dia de levar fruta, e nunca poder esquecer.
É preparar o Halloween da ginástica, apesar de detestar o Halloween. E preocupar-me com o Natal em Outubro.
É isto tudo com amor a duplicar...

Sem comentários: