quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Tilt

Finalmente adormeceu... 2 horas a tentar fizeram os meus braços ficar dormentes, a minha paciência esgotar-se, a minha testa suar.
Sou muito grata a Deus pelos meus filhos, amores maiores, lindos, prefeitos, e tão especiais. Mas sinto-me exausta. Não ajuda estar gorda que nem uma pipa, não ajuda sentir-me cada vez mais sozinha e responsável única na tarefa de os educar. Semana sim, semana não somos só os três, levo-os de manhã, vou busca-los ao fim do dia, dou banhos, cozinho, dou jantares, brinco, repreendo, aturo birras, e dores e más disposições, adormeço e acordo de noite para dar leite e chuchas, e recomeço. Na outra semana, às vezes não cozinho, às vezes não dou um banho ou outro, às vezes não adormeço, mas é tudo comigo também. Nunca tenho meia hora para mim, para passar um creme, tomar um banho mais demorado, fazer uma caminhada, ir a um ginásio... Nunca manto sossegada, nunca me sento a bordar, ou a ver televisão, porque na maioria dos dias estou tão exausta que só penso em dormir... Ao fim de semana andamos para lá e para cá, sempre enfiados num maldito supermercado, ou em casa dos meus pais, ou dos padrinhos deles... E há os banhos, as sopas, as birras, as dores como nos outros dias. Sinto-me a dar o tilt, sinto uma raiva desta vida que era suposto agradecer a Deus, sinto-me espiritualmente pobre, porque não tenho tempo para ir à missa sequer, sinto-me ansiosa e pressionada por tanta responsabilidade, sinto-me um mostrengo fisicamente... E ainda gostava de aprender, como se penduram prateleiras, como se colocam portas de armários ou como se arranjam estendais para não ter de me cansar ainda mais e pedir que o façam por mim.

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