sexta-feira, 18 de julho de 2014

Fez ontem quatro anos

que soube que vinhas a caminho. Soube que eras vida em mim. Soube que jamais voltaria a ser como antes.
Fiz um teste por "descargo de consciência", afinal eu não podia ter filhos. E deu positivo! Uma alegria confusa, um medo instantâneo, uma vontade de gritar ao mundo que aí vinhas. Senti-te rapaz. Senti-te Rafael. As horas seguintes a trabalhar naquele festival no Meco, foram de pura felicidade, de levitação quase. No dia anterior bebi sangria e dei umas passas num cigarro, nesse dia já não. As pessoas estranharam, mas eu nada disse, porque eras meu, tão meu...
A avó, minha mãe, fez 4 babetes nessa noite, eras realidade nela também, apesar do medo, apesar dos "ses"... Era sábado, e esperar até segunda pareceu-me uma eternidade. Na segunda, com a gravidez confirmada e deitada para uma ecografia, ouvi o teu coração e chorei, sem vergonha, sem reservas de pura felicidade... eras real, vinhas aí e eras meu, tão meu. A pergunta da médica, "mas chora porque não quer este bebé?" fez-me chorar mais ainda "quero, quero muito" ainda que mais ninguém te quisesse, eu queria, queria tanto...
Os meses seguintes foram de decisões e indecisões, muitos tumultos, nada contigo... tudo apenas com a minha vida, aquela que eu tinha "arranjado" para mim. Tinhas(tens) um pai biológico, mas eu soube no meu coração, no meu instinto de mãe que serias mais feliz com este pai de coração que te dei, que te viu nascer, que te embalou e que te protege e ama... ama-te tanto. E partilhei-te com ele, com os avós, tios, padrinhos e amigos, mas sei, sei eu e sabes tu, que lá no fundo és meu, tão meu...
És meu no momento em que chego e te beijo, pegando-te ao colo e fechas os olhos deliciado com os meus mimos, és meu quando te chamo e respondes "mãe?" com a tua voz doce, és meu quando te embalo no colo com medo que cresças demasiado e de repente não caibas nele, és meu, muito meu quando te acarinho na tua cama, enquanto me dizes cheio de certezas que "esta noite vais dormir de olhos abertos".
Passaram quatro anos meu amor... e nada voltou realmente a ser como antes, tudo melhorou... muito!

1 comentário:

Patrícia Lança disse...

Muitos parabéns. De facto não há momento igual ao do teste de gravidez positivo e à primeira vez que ouvimos os seus corações a bater. É uma emoção única e que não se explica por palavras.
Muitas felicidades.
Bj
PL